Bondades por Conveniência.

Bondades por conveniência

Por. Cícero Ferreira de Souza em 15/2/2008

Parece até um pouco estranho falar em ser bom por mera conveniência, mas esta é uma verdade que muitos não querem expressar como realidade em suas vidas. Digamos que de vez em quando, “como uma gota no oceano” ou como uma “pérola” que se encontra, encontramos alguém que vive de forma desprendida das conveniências.
Viver como um Luther King é muito difícil, que de forma humanitária deu maior parte de sua vida lutando contra leis de segregação que humilhavam as comunidades negras e isolava-os implacavelmente dos brancos. E o melhor disto é que, em 1964 os 54 mil dólares que recebera como prêmio Nobel da Paz foi integralmente doado ao Movimento pela Liberdade.(o que lutava pela causa). Não poderia deixar de mencionar entidades como a Médecins Sans Frontières (Organização Médicos Sem Fronteiras, fundada em 1971, na França), que por solidariedade, bondade e amor, levam o alivio médico a muitos que pelo mundo afora são vítimas da guerra, da fome e da peste; o Comité International de la Croix Rouge (Comitê Internacional da Cruz Vermelha, fundado em 1863, na Suíça); Ligue des Sociétés de la Croix Rouge (Liga das Sociedades da Cruz Vermelha) e outros governamentais como a United Nations Children's Fund (Unicef) (Fundo das Nações Unidas para a Infância, fundado em 1946, nos EUA).
Enfim, homens como Manhathmam Gandi, Desmom Mpilo Tutto, Nelsom Mandela, Madre Tereza de Calcutá e outros, que se preocuparam com seu próximo, são vultos que se esvanecem em séculos de história que já escrevemos nesta terra.
Hoje em dia, na maioria das vezes as práticas da bondade vem camuflada de conveniências, ou seja, há sempre um sutíl oportunismo por trás da solidariedade, dos favores, dos apoios, das ajudas e das doações.
Em nosso meio evangélico, praticar a bondade é fruto do Espírito Santo(Gl 5.22), mas com o passar do tempo esses atos de misericórdia têm perdido a sua excelência moral e espiritual, tornando-se uma simples ferramenta para a projeção da avareza, da luxúria e da lubricidade.
Em face deste contexto lastimável no qual estamos inseridos permitam-me considerar o significado desta característica ou deste fruto espiritual que, só é verdadeiro e sem usura, naquele em quem habita o Espírito Santo.
Então vejamos: Bondade, expressão que no grego se pronuncia: agathosune, que tem o sentido de: integridade ou retidão de coração e vida, bondade, gentileza. A mesma expressão tem origem na palavra primitiva grega “agathos” que tem como adjetivos: de boa constituição ou natureza; útil, saudável, bom, agradável, amável, alegre, feliz, excelente, distinto, honesto, honrado.
O próprio Apóstolo Paulo, é o que mais dá esclarecimentos sobre a bondade e prática de boas obras, principalmente àqueles que exercem as funções ministeriais – Ops! Desculpem-me os que não gostam da designação “funções ministeriais”, a gosto de alguns eu troco pela designação “poderes ministeriais”. Não obstante o Apóstolo em 2Co 6.1-10, trata de tais assuntos dirigindo-se aos líderes da igreja, lembrando-os de que foram postos pelo Senhor para exercer um “ministério” espiritual e santo, e não um “poder” secular.
Fazendo uma exegese do texto entenderemos que, Paulo estava falando de um serviço prestado especialmente por aqueles que executam os pedidos dos outros.
O nosso Bondoso Deus escolheu e chamou alguns com a ordem primária de, “servir” e “suprir” espiritualmente o Seu rebanho, e não para serem servidos como reis e sairem dando ordens como donos de alguma coisa.
Meus Deus! Será que é tão difícil para alguns entenderem que fomos chamados para servir a causa do Mestre como ministros de Deus, não dando motivos para escândalo, muito menos para sermos censurados pelos outros, mas sim praticando a paciência nas aflições, nas privações e nas angústias; nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo, na longanimidade e na “bondade?” (paráfrase de Paulo Apóstolo).
Será que, ser bom sem ser oportunista ou conveniênte é tão difícil para um obreiro? Será que praticar a bondade como genuinos ministros de Deus é tão intrincado?
É embaraçoso para nós, os que temos o chamado do Mestre, “os que almejam o episcopado”, termos que passar po situações tão constrangedoras e sabermos que alguns dissimulados e pérfidos ou que mentem à fé jurada, dizerem, “Não se preocupe irmão Carlos (pseudônimo)! Quem está comigo na obra, se tiver chamado para o ministério não será barrado. Fique comigo que “eu” vou te ajudar! Outros chegam dizer, “Fica tranquilo, assim como Pr. Fulano usou de bondade comigo e me ajudou, “eu” também vou te ajudar!.
Muitos de nós chamados para o, “Santo Ministério” nos sentimos pressionados contra a parede, pois os líderes de determinadas denominações de renome, estão, em outras palavras, querendo dizer o seguinte, “Aquí não importa se você têm um chamado de Deus, você só será consagrado se eu quiser e se tiver alguma coisa para oferecer a mim ou a denominação”.
A bem da verdade, tudo não passa de embuste com boas pitadas de conveniências e oportunismos. Pois tudo que fazem por nós são meros atos camuflados de bondade.
Lembro-me de um caso que acompanhei até o seu desfecho, em que, um pastor desmedido e compulsivo em determinadas necessidades básicas, burlou um jovem obreiro dizendo que Deus havia posto em seu coração, um carinho e afeição de filho pelo mesmo, e que, apartir daquele dia iria ajudá-lo no que fosse preciso, inclusive a ingressar no ministério. No final das contas, o que se sabe é que, esta ajuda vinha sendo temperada com uma certa usura, pois pelos bastidores, até de aperto financeiro, aquele jovem obreiro andou salvando o tal pastor. Os Cientistas dizem que “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”, o engraçado é que, em algumas denominações vêm acontecendo a mesma coisa, visto que, da mesma forma, “Nada têm se perdido, tudo tem se transformado”, só que, em “Oportunidades”.
Aliás, me permitam dizer que, praticar a “bondade” hoje em dia, especialmente no meio evangélico, têm sido “compensador”, principalmente para os que perceberam o lucrativo retorno que isto pode lhes dar.
Existe uma infinidade de meios para se lucrar através da prática da bondade por conveniência.
Nos muitos casos existentes da bondade com usura, os mais comuns são os que pedem emprestado alguns valores monetários e não pagam; e quando pagam, o valor é, em suaves parcelas de, digamos... “quantas forem necessárias”.
Quem pratica a bondade com usura, pode pedir objetos emprestados como: livros, Dvd’s, e outros sem preocupar-se em devolver, e, diga-se de passagem, na maioria das vezes nunca devolvem. Aliás, eu conheço estes tipos de atitudes como, espoliação, defraudação. E, é incauculável o número de crentes pecando por causa destas coisas; e depois de muito tempo quando o irmão (dono do objeto) vai atrás, o defraudador faz a devolução do mesmo, que por sua vez vem cheio de avarias; então, com a cara mais sem vergonha do mundo exclama, “Ah! Meu irmão me desculpe! Eu havia me esquecido. Ou então dizem, “Meu irmão eu iria lhe entregar, é que eu estava sem tempo!”. Estas são as desculpas mais comuns, mas existem outras desculpas ou mentiras muito mais descaradas.
Quem pratica a bondade com usura, pode fazer uso dos conhecimentos intelectuais ou da posição social do outro para se promover socialmente ou financeiramente.
Por vezes eu fico a me perguntar, onde estão os crentes do “sim, sim; não, não”; homens e mulheres de uma palavra só, irrepreensíveis e sem motivos para serem acusados. Na verdade esses valores morais e até bíblicos estão se perdendo no tempo.
Infelizmente a palavra de Deus têm sido usado por homens corrúptos, mercenários cheios de avareza. O deus destes homens e mulheres têm sido o seu ventre, são torquiadores de ovelhas, que andam por aí se dizendo pastores, mas na verdade, as obras dos mesmos nos revelam que, são mentirosos e oportunistas que praticam a bondade por mera conveniência, para encherem os seus próprios bolsos e mutiplicarem seus patrimônios.
Acautelai-vos desses cães, acautelai-vos dos maus obreiros, acautelai-vos dos lobos disfarçados de ovelhas, acautelai-vos do fermento desses fariseus que é a hipocrisia, o fingimento e a mentira, acautelai-vos daqueles que praticam a bondade por motivos interesseiros (Jd 16). Não são estas as advertências de Jesus e Paulo, de pedro, de Judas e tantos outros santos de Deus?
Eu gostaria de seguir o exemplo de Cristo e Paulo e dizer: “acautelai-vos deles...
Ourtra vez vos digo, acautelai-vos deles, examinando as Escrituras para não serem pegos como incautos na fé”.




EX TOTO CORDE
(Lat. De todo coração)

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