Será que os dias estão se encurtando!?

Um certo dia, conversando com um ancião (já falecido) que, abruptamente me mostrou as suas cãs, suspirou e disse:

“Irmão..., já observou que os dias estão ficando cada vez mais curtos!”.

Aquelas palavras ficaram como que escritas dentro de mim; tamanho foi a impressão que me causara.
Quando então no silêncio das minhas reflexões, passei a questionar qual a verdade encoberta nas palavras daquele velho sábio, e que, eu não consegui compreender no momento em que conversávamos.
Havia sabedoria naquelas palavras, eu senti e reconheci tal sabedoria, pois eram palavras proferidas por um veterano nos caminhos do Senhor e, também havia acumulado em seus caminhos a “experiência”, não essa que o mundo oferece, pois para Deus é tida como refugo. Entretanto na alma daquele homem estava guardado o temor do Senhor, que segundo as Escrituras são o início da “verdadeira sabedoria e experiência” (Pv 1.7).
Eu não estou falando desse temor que de forma generalizada as pessoas e muitos servos de Deus entendem como sendo medo; um medo prejudicial que escraviza os homens, levando-os a encher a mente de ansiedade e ao suicídio espiritual; mas estou falando de um temor que tem origem em Deus (Jr 32.39); um temor que nos faz odiar o mal e amar o bem (Pv 8.13); um temor que nos serve como força santificadora e, que nos é inspirada pela santidade de Deus, pela sua grandeza e pela sua bondade. Enfim eu podia sentir tal virtude como um destilar em cada gesto e palavra daquele ancião. Todavia, enquanto meditava nas palavras do velho sábio, o Espírito me fez entender a verdade. Compreendi que, de fato, não são os dias que estão se encurtando; uma vez que Deus cunhou o Cosmos através de sua palavra criadora, estabelecendo regras e disciplinas. Essa ordem não pode ser frustrada; ou isto incorreria no caos total, mencionado em Gênesis capitulo primeiro, afirmando que, “a terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo”; ou seja, havia caos e desordem no Cosmos, mas Deus veio e estabeleceu a disposição metódica entre todas as coisas.
Ao lermos o capitulo primeiro de Gênesis, nós vemos Deus criando a luz e separando as trevas, aparecendo então o primeiro dia; formou os mares, lhe ordenando limites; estabeleceu o firmamento, chamando céu; fez aparecer a porção seca, a terra na qual nós pisamos; ordenou à terra que produzisse relva, ervas e árvores frutíferas; criou os luminares fazendo separação entre dia e noite, para sinais de estações dias e anos.
A Bíblia é clara e nos dá respostas para tal exclamação dizendo que, não são os “dias que estão se encurtando”, pois todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação; ou seja: O sol é o mesmo em seu fulgor, a lua é a mesma fazendo o seu papel como satélite natural da terra, os planetas e constelações permanecem como desde o principio em que Deus disse “haja”...
Então abrolha a pergunta quase que de forma generalizada:

Então, o que realmente está acontecendo com o tempo? Pois eu não consigo fazer quase nada durante o meu dia, pois quando eu percebo, ele já acabou!?

A verdade é que o problema está intrinsecamente relacionado conosco. Não é o tempo que vem se encurtando à medida que os anos passam, e sim, a nossa ocupação, o nosso trabalho, o nosso serviço e outras coisas mais, que tem se intensificado a cada dia, nos enchendo de tarefas a cada segundo, a cada minuto, a cada hora, não nos sobrando momentos de suspiro, descanso e sossego.
A ansiedade tem arrebatado muitas vidas, enchendo-as de preocupações com o dia a dia e com o porvir.
O que é a ansiedade? O que é preocupação !? É uma perturbação de espírito causada por incerteza e por receio. Mais quando lemos as Escrituras, nos deparamos com o Apóstolo Pedro, em sua primeira carta exortando aos irmãos que moravam nas extensões da Ásia menor, dizendo para,

“lançarem sobre Ele todas as vossas ansiedades, pois Ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).

Eu posso dizer que as mesmas palavras exortativas de Pedro servem para nós, servos de Jesus, que temos nos preocupado tanto com os planos e projetos futuros. Alguns têm traçado metas de vários níveis para serem alcançadas no prazo de cinco ou dez anos.
Os mesmos ignoram o que dizem as Escrituras:

Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.
Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.
(Tg 4.13,14).

O nosso Senhor nos ensinou a não nos inquietarmos com o dia de amanhã, pois o amanhã trará o seu cuidado; basta ao dia o seu próprio mal. Eu percebo, e a própria Psicologia diz que, as preocupações nos deixam nervosos, não conseguimos descansar devidamente, muitos ficam com os músculos e nervos tensos, as dores de cabeça são constantes, não relaxam enquanto dormem, acordam várias vezes no meio da noite e, em conseqüência de toda esta ansiedade, vem as doenças como, o estress, a depressão, úlceras nervosas, câncer e muitas outras que desconheço. Enfim, muitos sofrem todas estas coisas por negligenciarem o que nos ensina a Palavra de Deus. Lembremo-nos dos ensinos de Cristo quando tentou nos mostrar que temos muito mais valor para Ele do que os lírios do campo ou as aves do céu. O Senhor Jesus nos ensinou a buscarmos as coisas que, em primeiro lugar iriam preencher o nosso espírito, nos trazendo paz e sossego. Más infelizmente o capitalismo tem ditado os valores em nosso meio. O Hedonismo tem invadido nossas mentes; e muitos querem e buscam a satisfação física, financeira e social; não importando o preço que irão pagar.
Se considerássemos as afirmativas das Escrituras a respeito da ociosidade da vida, seriamos mais tranqüilos, teríamos menos problemas conjugais e fraternais, a violência e a desordem não reinariam em nosso meio; amaríamos mais ao nosso próximo e não seriamos tão individualistas e egocêntricos.
O Capitalismo tem sido uma das piores doenças da atualidade, porquanto leva o homem a abandonar o Deus verdadeiro e a seguir o seu próprio ventre. Estamos presenciando uma transição do Cristianismo Pentecostal espiritualista para um Cristianismo Pentecostal Capitalista. Alguns crentes pentecostais, têm trocado o seu tempo de dedicação e entrega ao Senhor em função de um trabalho dedicado à criação de produtos e ornamentos voltados para o meio evangélico. O cristianismo protestante precisa rever seus conceitos espirituais e reconhecer a sua insuficiência e seus descuidos como igreja.
Devemos deixar o consumismo, o amor ao mundo e a soberba da vida, nos entregando a uma vida de devoção e fé no Evangelho.
O Evangelho nos dá as diretrizes para vivermos sem medo, sem preocupações e ansiedades.
O Evangelho nos ensina a entregarmos tudo nas mãos do Senhor, deixando que Ele cuide de nós. Quando fazemos assim seremos verdadeiramente prósperos, já que estaremos reconhecendo que tal prosperidade não está acontecendo pelos nossos esforços nos labores da vida.
Vivamos confiando N’Ele, e viveremos prosperando sempre...
Vivamos confiando N’Ele e não recuaremos, mas avançaremos...
Ele cuida de nós, ainda que, como disse aquele ancião, os dias estejam realmente se encurtando...

ex toto corde.

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