ARCA DA ALIANÇA




“Uma ameaça à Igreja de Cristo”

Eis aí um dos objetos físicos que causam mais fascínio do que qualquer outro já mencionado na Bíblia. Um grande mistério paira sobre este “utensílio sagrado”.
A Arqueologia questiona a existência de tal objeto dizendo que ele é mais mítico do que real. “Não existem evidências concretas a respeito dela. A Arca não pode ser um objeto de procura da arqueologia, a mesma é assunto para historiadores bíblicos”, afirma o arqueólogo israelense Israel Finkelstein, autor de A Bíblia Desenterrada
[1]. No entanto, ”muitos arqueólogos procuram evidências através de seus achados para dar respostas à sua própria fé. Qualquer vestígio é analisado com o desejo de encaixá-los nos relatos bíblicos”, diz o historiador André Chevitarese, da UF do Rio de Janeiro.[2]
Mas o caso é que ainda hoje tais objetos usados pelos antepassados dos Israelitas causam um estranho fascínio a todos os segmentos religiosos; inclusive os Pentecostais e Neopentecostais.
Tal fascínio é intensificado nos olhos de cientistas, arqueólogos, religiosos, protestantes e não protestantes, quando os estudos e as buscas são direcionados para os materiais do sagrado Templo do Israel antigo. Encontrar a arca da aliança seria uma grande descoberta; e porque não dizer, a maior de todas já feita pela humanidade; e é claro, segundo uma matéria de revista, para alguns seria a “prova incontestável da existência de Deus”.
Mas porquê encontrá-la seria uma grande ameaça para o povo que se diz servos do Senhor Jesus? Ora a resposta é quase que automática, ─ a prática da “Idolatria”─. Algumas comunidades evangélicas já estão causando o maior embaraço e confusão em torno de alguns dos objetos usados no antigo templo (objetos estes que são apenas cópias dos verdadeiros) e algumas outras bobagens tiradas de costumes pagãos impregnados em nossa cultura.
Segundo alguns relatos, o ápice da unção e do poder em algumas igrejas que convidam estes pregadores e mestres do movimento re-judaizante é o momento em que o Shofar
[3] é tocado, pois segundo os iniciados, “a unção é muito grande por saberem que o som do instrumento é a própria voz de Deus falando”. Conseqüentemente naquele momento, alguns entrando em êxtase espiritual ou “emocional”, começam a gritar e pular ou fazer os mais diversos gestos corporais, enquanto outros choram muito e falam em “línguas estranhas”, e ainda outros se espatifam pelo chão “arrebatado”. O problema é saber com exatidão, por quem estão sendo arrebatados.
Segundo a experiência de um amigo, que participara de um culto destes, com perplexidade relatava tal absurdo dizendo: “em um desses cultos o ato foi consumado com chave de ouro, onde os crentes passavam por debaixo da bandeira de Israel, significando a renovação de sua aliança com Javé”.
Agora diante desta realidade, imagine a pândega que a massa evangélica não faria em torno de um achado dessa amplitude! Uma das coisas mais ínfimas a que ocorreria seria dividirem as (igrejas, templos, denominações, congregações, sinagogas ou casas), ou como você quiser considerar, em dois “compartimentos”, onde um deles seria o lugar reservado para a arca ou “santo dos santos”. Tal lugar seria propositadamente atrás dos altares, que seriam separados por cortinas ou véus. Ah!... Não devemos nos esquecer que as cortinas teriam lindos desenhos de anjos e querubins de asas estendidas. A esta sala seria permitida a entrada do pastor ou líder da denominação somente, levando talvez, os pedidos de orações do povão, as cartas para Deus, fotos de parentes e outras “besteiras” para serem depositados aos pés da “Arca da Aliança”, e que só seriam retirados após Deus ter ouvido a oração e os pedidos dos crentes.
Se eu usar um pouco mais de ousadia nesta minha conjectura, posso até imaginar um pastor de uma destas congregações, quando em pleno culto, pregando uma mensagem, sobresteve
[4] dizendo: “Queridos irmãos acabo de ouvir a voz de Deus, terradosuldaarábia... ... (supostas línguas estranhas), Ele está me chamando lá atrás, pois me diz neste momento, terradomantodasprovas... ..., que ouviu os pedidos de oração depositados nos pés de sua arcaaa! iii, aaai, sssss, uuuiiii, terrademistério!!!...”
Neste momento o êxtase toma conta do povo enquanto o pastor adentra as cortinas para falar com o seu suposto “Deus”. Ao retornar com os pedidos de oração, o pastor diz com muita propriedade que falou com Deus e que o viu em uma coluna de fogo por cima da arca da aliança! Após ter relatado “tamanha experiência de santidade e poder” dentro daquele lugar reservado, lança logo os seus chavões em altos brados repetitivos dizendo: Adore! Adore! Adore! Receba! Receba! Receba! Deus te ouviu! Deus te ouviu! Deus te ouviu! Então, já cansado e suado, para terminar, dá aquele sopro pelo microfone, estende as mãos para o povo cair, roda o paletó e dá uns pulos!
E assim, concluído esta etapa primeira, o ciclo se reiniciaria novamente em um outro dia de culto.
Muitos que lerem este artigo sabem que eu não estou satirizando ou sendo sarcástico, ou até mesmo fazendo um tempestade num copo dágua falando de coisas que já não sejam conhecidas, pois o descaramento e o descomedimento são patentes em muitos lugares por onde passamos; principalmente no que diz respeito aos objetos que fazem parte da liturgia evangélica.
Com certeza você já deve ter ouvido falar dos convites alardeado por alguns, chamando o povo para irem em busca dos ramos de arruda santa, água ou pedrinhas do rio Jordão, rosas lenços e fitas ungidos, sessões do descarrego, terapia do amor, fogueira santa, chaves de Davi e outros “amuletos evangélicos”.
Alguns desses vaidosos e cheios de sofismas
[5], se defendem dizendo que estão apenas usando meios para incentivar a fé dos crentes, para que possam alcançar a benção. Entretanto eu não consigo encontrar outro meio de identificar tal atitude que não seja como “idolatria camuflada e cheia de engodo”.
Torno também, imediatamente necessário clamar contra o movimento re-judaizante; que eu considero como um grupo de “cegos espirituais destituídos da Graça de Cristo”, pois os mesmos andam tentando invadir todos os segmentos evangélicos, e, cheios de malicia e perspicácias buscam incutir na mente dos irmãos uma inovação doutrinária maldita. Procuram adaptar ao nosso “Evangelho da Graça” os ritos, leis e costumes do antigo concerto entre Deus e Israel.
Diante deste quadro espiritual caótico e impregnado de sofismas eu só tenho que me lembrar das palavras de Paulo:

Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” {2Co 4.3,4}.

Lembremo-nos também das palavras do Senhor, o nosso Mestre maior, ensinando certa vez aos seus discípulos dizendo:

Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus”.
“Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus
”.{Mt 16.11,12}.

Agora pense um pouco comigo... Será que alguns do nosso meio estão entrando em um nível de graça maior que não estamos conseguindo acompanhar, como andam afirmando uns entre muitos? Se essas pessoas agem assim diante de um objeto como um simples chifre de carneiro e uma bandeira, imagine a problemática que teríamos em mãos se algum arqueólogo conseguisse achar a “arca perdida do Santo dos Santos!?”. Imagine o tamanho deslocamento da massa evangélica do mundo inteiro, saindo em peregrinação ao local de exposição da arca da aliança, com a justificativa de “buscar um contato mais próximo com Deus” “Buscar porção dobrada de poder” etc, etc, etc!
Se a adoração ao nosso Jesus vem sendo substituída nos cultos por adoração a anjos e berrantes feitos de chifres de carneiro, então o nosso Deus soberano seria substituído com muita facilidade, por uma simples cópia da arca da aliança.
Eu percebo que o que vem ocorrendo é uma falta de percepção espiritual de muitos líderes, em não conseguirem conceber o nível profundo de desgraça em que muitos do nosso meio evangélico vêm caindo. Sutilmente a idolatria e o paganismo tomam os seus lugares de honra em nossas igrejas evangélicas.
O povo evangélico engana-se ao pensarem que nunca chegaremos a cometer o mesmo erro que a Católica Romana empreendera no passado, culminando neste ajuntamento idolátrico que são hoje.
Não nos enganemos achando que estamos livres de males tão profícuos para o diabo. Sejamos sóbrios e prudentes, buscando sempre e em todo tempo analisar tudo, para que possamos reter o que é bom para o nosso crescimento e edificação espiritual.
Não nos esqueçamos que coisas acontecerão nos últimos dias, que se possível, enganarão até os próprios escolhidos de Deus.
Se continuarmos dando tamanha liberdade a esses movimentos que vem ocorrendo em nosso meio, o futuro da igreja do Senhor Jesus estará correndo sérios riscos de apostasia espiritual e teológica.
Nós, os líderes, pastores e teólogos que se sentem com um sério compromisso com a verdade, não podemos ficar omissos diante deste quadro, como se estivéssemos em cima de um muro vendo a vida e o tempo passar; pelo contrário devemos abrir as nossas bocas e com voz de arauto bradarmos com coragem contra essas “mentiras com pitadas de verdade”. Devemos ter intrepidez para seguirmos desmascarando esses falsos mestres, falsos pregadores e falsos pastores que deturpam e sujam a santa ortodoxia bíblica com seu sectarismo profano.
Vigiemos, pois, para que o nosso adversário não nos pegue desprevenidos.


EX TOTO CORDE

[1] Aventuras na História Edição 44 2007 Ed. Abril.
[2] Aventuras na História Edição 44 2007 Ed. Abril/ pg.28.
[3] Instrumento feito do chifre do carneiro que emite sons como o de uma trombeta.
[4] Não prosseguir, parar, deter-se.
[5] Argumento aparentemente válido, mas, na realidade, não conclusivo, e que supõe má-fé por parte de quem o apresenta; falácia, silogismo erístico.

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